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Número 21
Literatura Brasileña

Cinco poemas

  • por Ramon Nunes Mello
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  • February, 2022
Nota del editor: Los siguientes los poemas están disponibles exclusivamente en inglés y portugués. Click aquí para leer en inglés.
  O palhaço faz piruetas ri gargalha da vida pobre sem graça desengonçado pula brinca beija homens-piranhas fantasia camufla dores maquiagem borrada marchinhas bandas gritos serpentinas na memória vazio após quatro dias de felicidade curta e colorida esboça melancólico sorriso arranca a gravata e chora   Pensamentos líquidos gosta de pensamentos em forma de palavra escrita ou falada escorrida na boca macia entupida nos ouvidos com a mobilidade do verbo expulsa discursos enlatados com uma miserável gotinha de álcool setenta porcento filosofias de bar olhares suspeitos ideologias fora de validade esquecidas no fundo dos copos de poetas malditos pensamentos líquidos   Poema expresso peço licença pra falar um poeminha do velho cardápio            preciso de homem cigarro carinho maconha livro e uma xícara de sexo quente serve um carioca duplo encorpado bem forte fervendo sem adoçante com uma carreirinha de açúcar pra viagem dose de poeta por favor   Lyrics descobri um risco no disco percebi sua culpa mas foi melhor disfarçar pensei quieto calado aguentando ataques dores marcando a pele por dias e dias chorei me humilhei por um poquinho de amor nada só arranhões faltava harmonia a música no mesmo verso cansando cansando cansando até quebrar agulha e eu? sem coragem de mexer na eletrola à espera de um inútil reparo concerto sem força pra cantar gritei seu nome velha melodia   Como eliminar monstros & demônios
para Ronaldo Serruya e Fabiano de Freitas
repita a você mesmo: eu não sou um vírus vamos repita:                                                                                                   eu não sou um                                                                         vírus digo aos outros que sou louco para que as pessoas que tem medo de gente louca não se aproximem de mim me disse o leão tenho adotado o mesmo método para viver com hiv promíscuo pervertido viado coleciono os rótulos e jogo fora junto com as bulas de letras miúdas que enchem as gavetas do armário ao menos tenho conseguido entender quem sou em meio a contagem de cd4 e quantidade de vírus no meu sangue para classificarem como quiserem indetectável posso transar sem camisinha que não infecto ninguém afirmam os médicos infectar não contaminar, reaprendi a falar assim como não se deve pronunciar aidético palavra embolorada de estigmas minha língua gem está infectada pelo hiv-aids não é a língua, é o cu! – berra copi pela boca de carrera com sua dificuldade de se expressar e ainda reverbera em meus ouvidos é o cu! músculo de veludo cantado por piva promessa-derradeira-entrada-franca-dos-demônios tenho eliminado monstros & demônios a cada dia com reza brava coloquei meus preconceitos no altar olhei para eles rezei para depois xingar um por um por três anos aos prantos até conseguir vomitá-los em ritos xamânicos me olhei por fora embora por dentro cheio de medo me transformando em bichos uma onça que lambe as próprias feridas ou uma cobra de várias cabeças apresentando a cura enquanto participava do meu velório sem choro nem vela e prometia a guarda da biblioteca para o marona quantas mortes nessa epidemia discursiva? 40 milhões de mortes em todo mundo dionísio disfarçado de mendigo dançou comigo uma poesia cósmica e sem nome eu cortava meus medos com golpes no pescoço                                                                                                   e decepava pedaços do meu desejo de apontar                                                                    culpados  doloteglavir sódico + fumerato  de tenofovir  + lamivudina caio + leonilson + cazuza (melhor assim) ao meio-dia de estômago vazio contando o tempo em comprimidos meu corpo se entope de toxina ainda contamos os mortos mesmo sorrindo tentando acreditar na cronicidade dos dias reinventando narrativas passeando entre o medo incendiário de al berto  os cantos de ilusão de perlongher  e a linguagem viral de burroughs em noites de insônia marítima  
“O palhaço”, “Pensamentos líquidos”, “Poema expresso”, e “Lyrics” do livro Vinis mofados (2009)
“Como eliminar monstros & demônios” do próximo livro A porta de trás do paraíso
 
Foto: Street art, São Paulo, Brazil.  Mínimo, Unsplash.
  • Ramon Nunes Mello

Ramon Nunes Mello (Brasil,1984) is a poet, journalist and human rights activist. He teaches literature (Brazilian poetry) at UFRJ (Federal University of Rio de Janeiro). He is the author of various books of poetry: Vinis mofados (Lingua Geral 2009), Poemas tirados de notícias de jornal (Móbile Editorial 2011), and Há um mar no fundo de cada sonho (Verso Brasil 2016). He organized, among other works, Tente entender o que tento dizer: poesia + hiv/aids (Bazar do Tempo 2018) and Escolhas (Lingua Geral/Carpe Diem 2009). He is also the curator of the works of poets Rodrigo de Souza Leão (1965-2009) and Adalgisa Nery (1905-1980).

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