Nota del editor: Publicamos este texto en el portugués original y en traducción al inglés. Desplázate hacia abajo para leer en portugués, y haz click en “English” para leer en inglés.
I.
como se despem as flores?
o que desejam seus frutos?
II.
a flor faz charme-perfume-pele
para os besouros, abelhas, aves.
pedindo afago –
dê o meu abraço
à flor-menina ao lado.
III.
de que maneira
se rearranjam
suas sementes,
ó fruto?
como escolheste
entre casca vistosa ou áspera?
responde, ó fruto
como escolhes se são águas,
ventos, queda
bichos ou terra
que levarão
à outra margem
tua mensagem?
ou serás tu
a lançar ao mundo
tua linguagem,
no ritmo de um
beijo-de-frade?
IV.
o fruto me contou
ontem à noite
na várzea
que o que deseja
são reticências esparsas.
o caqui cravou um caroço
nas clavículas
o lançou nas águas,
contou três saltos
antes da semente
aprender a mergulhar.
e ao aprender a afundar,
fecundou.
V.
hoje pela manhã
acendemos incensos
de mirra
a flor da mexerica
atirou o seu laranja
aos nossos corpos,
nos ressuscitou
através das sementes.
descobriu a linguagem
das bolhas de oceano
que carregamos
na pleura,
alimentou os nossos pirás.
foi engolida por
nossa garganta,
deglutida pela
glote da terra.
VI.
o afeto prolongou-se
conforme o pólen
flutuou
o afago atira
na linguagem-corpo
três sementes-silêncios,
com ânsia de brotar.
na quietude quebram
sua dormência,
retornam ao sorriso
das piabas.
VII.
após chupar a manga,
plantamos a
ressureição do fruto
através da carne.
VIII.
escuta o conselho
das aranhas,
repousa tua armadilha
nas plantas,
captura os milagres
que levarás à boca.
IX.
se não souber dançar forró
com o vento,
perscruta teu som,
brinca de jabuticaba,
mineral atado a casca,
roxo como poções.
brincas de jabuticaba,
propaga teus frutos
com abelhas,
propaga teus frutos
também em solidão.
X.
a fenomenologia é simples, difícil é o jatobá.
XI.
e ao olhar a Mata Seca sorrindo
saberás que o milagre
também está nos espinhos.
XII.
senta-te sob a sombra
de um pequizeiro.
quebra tua casca.
não mordas o fruto.
róis o pequi.
senta-te sob
a sombra da semente.
XIII.
aguarda, ó fruto.
espera nossos corpos.
servirão de adubo
para teus filhos,
será a vértebra
da tua macaúba
o espírito de teus
caroços mucilaginosos.
